28 de abril de 2012

O "ANÓNIMO INFELIZ"




- O anónimo infeliz é uma espécie que se desenvolveu nos primórdios das "redes sociais". Tem uma enorme capacidade reprodutiva mas, felizmente, um tempo de vida limitado (ainda assim, há conhecimento de uns casos mais duradouros do que outros);

- O anónimo infeliz não tem vida própria. Alimenta-se da vida dos outros e isso parece chegar-lhe;

- O anónimo infeliz é masoquista. Todos os dias, várias vezes por dia, lê e comenta "redes sociais" que diz serem uma merda. Diz que o faz por ter o direito de ler o que bem lhe apetecer. O anónimo infeliz é, obviamente, burro e não sabe dar uso à liberdade que tem. Mesmo quando se enfada e diz que não volta mais, bastam cinco minutos para reincidir no crime. E assim continua, muitas vezes durante meses;

- O anónimo infeliz liga o computador e diz "ora deixa lá ver com o que é que eu me vou enervar hoje";

- O anónimo infeliz é um ser preocupado e altruísta. Preocupa-se com o dinheiro que os outros gastam (revela uma curiosidade obsessiva com o valor dos salários alheios), com as viagens que os outros fazem, com os sapatos que os outros compram, com o sucesso que os outros têm, com os filmes que os outros vêem, com a casa onde os outros moram, com o carro que os outros conduzem, com os quilos que os outros têm, com tudo e mais alguma coisa. Infelizmente, só não se preocupa com a sua vidinha;

- O anónimo infeliz tem problemas de interpretação, possivelmente fruto de conhecimentos insuficientes na área da língua portuguesa. É raro perceber o que está escrito e arranja sempre maneira de distorcer tudo de um jeito que lhe é bastante conveniente;

O anónimo infeliz nasceu para ser do contra. Mesmo que leia uma coisa básica como "o céu é azul", vai sempre arranjar 350 teorias para provar que não é assim e que lá no sítio onde ele habita o céu é cor de burro quando foge;

- O anónimo infeliz diz não perder tempo em "redes sociais" que não gosta, mas facilmente consegue estabelecer relações entre posts e argumentar com um "mas como é que agora dizes isso se a 23 de Janeiro de 2011 disseste o contrário?". O anónimo infeliz conhece-nos melhor do que a nossa própria mãe;

- O anónimo infeliz é raivoso e pode até morder (se para isso houvesse oportunidade). É incapaz de manifestar desacordo de modo cordial e civilizado (normal, vá), tendo sempre de recorrer ao insulto para fazer valer a sua opinião (geralmente, com um "tu deves ser mas é estúpida/atrasada mental/idiota". Às vezes anima-se e sai-se com um "és um palhaço/...

O anónimo infeliz esfrega as mãozinhas de alegria de cada vez que se prepara para deixar mais um comentário descerebrado, como quem diz "com este é que eu te vou tramar". E mesmo 
sabendo que tem como destino o lixo virtual, gosta sempre de dizer "eu sei que não vais publicar, mas ao menos ficas a saber o que eu acho de ti" (a frase pode ou não acabar com um "seu palhaço"). Como se tivesse alguma espécie de interesse.


O anónimo infeliz é cobarde e poucochinho e, por isso, mesmo, nada há a temer. Vive do outro lado do ecrã e acredita piamente que está completamente protegido e impune no seu anonimato. Até ao dia.

O anónimo infeliz tem uma capacidade criativa bastante alargada e consegue inventar teorias da conspiração altamente rebuscadas (e que só fazem sentido na sua cabecita). O anónimo infeliz deita-se e acorda a pensar nisso, troca mails sobre o assunto com outros anónimos infelizes, debate o tema em "redes sociais como as minhas" de ódio, o que não deixa de ser reconfortante e fofinho;


Conclusão, o grande problema do anónimo não é ser anónimo. É só ser parvo e pobre de espírito. E contra isso não há nada a fazer.GAZZZZZZZZZZZ






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